3 de set. de 2015

Pin-up Boys e a arte de Paul Richmond

Por B. Faria para HomemRG
Pinturas pin-up de Paul Richmond

Beefcake

Homens também podem ser considerados pin-up (por que não?). E de maneira equivalente às pin-up girls, as pin-up boys também têm como característica principal a mistura de erotismo com o ar inocente das coisas, e até nonsense (absurdo), além do bom humor, tornando-se assim extremamente sensuais, provocativas e irresistíveis. O termo equivalente para as pin-up boys, com relação ao termo cheesecake, utilizado para a forma tradicional, com mulheres, seria beefcake (ou cheesecake boys), algo como bofe ou “bolo de carne”, na tradução literal.

Neste clima de fantasia, porém, fortemente inspirado em situações reais, ainda que pitoresco ou hilário, artistas, como o ilustrador americano Paul Richmond, vêm explorado pin-ups de modo pouco convencional. O designer resolveu dar um novo significado a esta modalidade artística ou estética, transportando a essência dessas imagens icônicas para o contexto gay. Suas ilustrações capricham no 'pin-upismo', no dualismo erótico, porém, fofinho, em situações tão cômicas quanto inusitadas.


Betty Grable e a mais famosa pin-up da 2ª Guerra Mundial
Cheesecake

Era um passatempo entre os soldados americanos, nos anos 40 e 50, pendurar fotos de mulheres bonitas e sensuais em seus alojamentos. Não eram fotos de nu explícito e, sim, fotos mais sensuais, com mulheres apetitosas, em poses e ações que insinuavam algo ingênuo e erótico ao mesmo tempo, e que serviam de consolo ou motivação para as tropas, que ficavam bastante tempo sem ter contato com  mulheres de verdade. Surgiu daí o  termo pin-up que, do inglês, significa "pendurar".

Antes disso, o termo cheesecake já era usado (originalmente da frase better than cheesecake, algo como “melhor do que bolo de queijo” ou “verdadeiro pitéu”, na tradução livre), tendo sido documentado pela primeira vez em 1941, apesar de seu uso ser constatado bem antes, já em 1890. Com o tempo, pin-up passou a ser sinônimo de mulher voluptuosa, com ar clássico, retrô, muito feminina (quase uma boneca) e sexy, sem ser vulgar.

A atriz, cantora e dançarina americana Betty Grable (foto), uma das mais glamourosas e bem pagas estrelas de Hollywood,  na década de 40, é considerada uma das pioneiras, abrindo as portas para muitas outras como Dita Von Teese, Bettie Page, Marilyn Monroe e muitas outras, inclusive a brasileira Carmem Miranda, também considera uma das pin-ups mais lendárias. Hoje, o cabelo vintage, a postura provocante, mas com ar ingênuo, batom vermelho e maquiagem bem marcada, passaram a ser características essenciais a uma pin-up clássica, além dos outros atributos já mencionados. Katy Perry, em seu álbum Teenage Dream, e Gwen Stephany aderiram, mesmo que temporariamente, o estilo pin-up de ser, juntamente com as também cantoras pop Madonna, Beyoncé, Lady Gaga e Rihanna, entre tantas outras que bebem desta mesma fonte. Há quem diga que até a roqueira Pitty segue um pouco este estilo, logicamente de uma forma menos tradicional.


O universo Paul Richmond

O Encantador de Serpente
Óleo sobre tela, 2012.

Do imaginário dos soldados americanos aos estúdios de tatuagem, as pin-ups viraram grande atrativo na cultura pop mundial e nunca mais saíram de moda. Com o tempo, o termo deixou de se resumir somente a foto-pôsteres e passaram a ser temas de desenhos, ilustrações, pinturas, estampas e quadros feitos imitando essas fotos.

As tatuagens de pin-up girls viraram moda e é fácil encontrar homens e mulheres com essas imagens estampadas na pele. Resta saber se as tatuagens de pin-up boys também vão cair no gosto da galera adepta da arte corporal. Por enquanto, seria no mínimo inusitado dar de cara com um homem na rua, com uma tatuagem de um jovem já de cueca, tendo suas calças puxadas por um javali, por exemplo (como na famosa pin-up da marca Coppertone). É um dos trabalhos do pintor e ilustrador Paul Richmond, entre outras pin-ups disponibilizadas na galeria abaixo, todas em pintura a óleo sobre tela ou painel, mantendo a estética da publicidade dos anos 40-60, onde as ilustrações eram feitas à mão.

Paul Richmond é um artista visual reconhecido internacionalmente e ativista, cujas pinturas são inspiradas nas suas próprias experiências gays. Saindo do armário ao se formar na Columbus College of Art and Design, em 2002, sua arte se tornou um veículo para explorar e compreender a sua própria "viagem", bem como um desenvolvimento de um diálogo específico à comunidade LGBT. Influenciado pelas próprias causas, acabou definindo sua identidade artística, procurando desafiar normas ou padrões sociais que existem em torno dos temas orientação sexual e identidade de gênero.

Sua carreira inclui exposições em galerias de todo os EUA, assim como diversas publicações em revistas de arte e antologias. Seu trabalho é reconhecido por gente do mundo todo, especialmente pelo papel de diretor de arte da editora Dreamspinner Press, especializada em romances gays, além das criações na Harmony Ink Press, também voltada para a cultura queer, com mais de 250 ilustrações de capa.

Professor de arte na comunidade de Stonewall Columbus, Paul Richmond é voluntário da Kaleidoscope Youth Center, incentivando os adolescentes gays a usarem a arte como um meio de autoconhecimento e expressão. Além de tudo isso, ele é cofundador do You Will Rise Project, uma organização que capacita aqueles que sofreram de assédio moral (ou, no caso, homofobia) para a propalação e discussão do tema de forma criativa, através das artes visuais e cênicas. Particularmente, Paul vive com o marido, Dennis Niekro, após se casarem numa cerimônia coletiva, entre 24 casais gays, em frente ao prédio da Suprema Corte dos EUA, em junho de 2013. Juntos, eles estão empenhados a usar seus talentos artísticos para sensibilizar as pessoas pela igualdade. Veja abaixo mais imagens das pin-ups de Paul Richmond.


Galeria:
Paul Richmond
Site: paulrichmondstudio.com






























Esta postagem foi enviada por B. Faria em colaboração para o blog Homem RG, com texto adaptado por Fred Galo. Imagens paulrichmondstudio.com. [Clique aqui para enviar seu material!]

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