28 de jun. de 2015

28 de Junho: Dia Internacional do Orgulho Gay

Rainbow Pride

Cada vez mais, o movimento LGBT vem se consolidando em uma força fundamental à autoestima gay, transformando-se, nas últimas décadas, como a voz de toda uma comunidade, que não se dispõe mais a ficar na marginalidade. Especialmente neste ano de 2015, motivos não faltam para celebrar também os militantes da causa, pioneiros dos direitos humanos relacionados à diversidade de gênero, e engajados, atualmente, na luta pelos direitos civis igualitários - por um mundo orgulhosamente mais colorido.


Da fanpage Quebrando o Tabu:
"Pode não dizer nada, mas pode dizer muito".
Ao abrir hoje meu Facebook, me senti como num sonho maluco, onde todas as fotos de perfil apareciam com um filtro de arco-íris. Logo pensei: como assim, será que todo mundo virou gay? Então descobri que, em parceria com a Weekend Pride, o Face estaria oferecendo uma forma bem bacana para cada usuário mostrar seu apoio aos direitos LGBT. Por tempo limitado, os usuários da maior rede social do mundo poderão aplicar o rainbow filter, comemorando assim a Semana Internacional do Orgulho Gay.

Recentemente, nos EUA, nesta sexta-feira (26/06/2015), foi legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, com mais de 6 milhões de pessoas que se identificam como gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros ou simpatizantes no Facebook, além de quase 1 milhão de páginas que apoiam a comunidade LGBT. Para refletir sobre esta rápida expansão de afirmação gay no mundo, o Face começou destacando histórias de pessoas dentro desses canais, e disponibilizou um filtro nas cores da bandeira gay, que estará disponível para os membros das comunidades queer e solidários à causa, tornando-se uma forma acessível e simples para comemorar a Semana do Orgulho Gay e o apoio aos direitos iguais para aos homossexuais.

E seria ótimo ver, além deste aplicativo temporário, ações realmente efetivas dos grandes canais de comunicação em direção à inclusão social da diversidade. Mas já é uma grande vitória e oportunidade para todos mostrarem que, independente da própria orientação sexual, apoia o movimento que, atual e definitivamente, não se dispõe mais a andar de cabeça baixa. Clique aqui para acessar o Gay Pride Special Filter em seu perfil no Facebook.


Gay Pride

O Orgulho Gay, também conhecido como orgulho LGBT, é o conceito que apoia os gays, lésbicas, bissexuais e transexuais a ter orgulho da sua orientação sexual. Nesse contexto, a palavra "orgulho" é utilizada como um antônimo de "vergonha", que foi por muito tempo usada para oprimir todos os indivíduos homossexuais.

O movimento teve início depois da Rebelião de Stonewall, em 1969, quando os gays enfrentaram a repressão de oficiais da polícia de Nova York. A luta pelos direitos LGBT, que atua basicamente na defesa do reconhecimento da igualdade de direitos entre todos os cidadãos, independente da identidade de gênero, teve como desafio inicial a exposição e o ato em se assumir como tal, nas paradas gays, mostrando a todos que, embora supostamente minoritária, existe sim uma sólida e diversificada comunidade gay.

O deputado federal e principal defensor brasileiro dos direitos humanos, Jean Wyllys, explica este novo passo da militância gay: "No mundo inteiro o movimento gay mudou a sua pauta. No Brasil ainda tem uma resistência, onde podemos falar em 'movimentos gay', no plural, por haver diferentes movimentos. Existe um movimento que resiste na pauta da criminalização, achando que este seria o caminho, ao invés de aderir mais amplamente esta luta pelo casamento civil igualitário. Eu acho que é próprio do movimento amadurecer, passar por diferentes fases... Passamos, primeiramente, por uma fase de proclamar a existência, 'nós existimos', e aí foi fundamental o papel de João Silvério Trevisan, Luiz Mott, Agnaldo Silva e toda a galera que fez O Lampião da Esquina, que foi o primeiro jornal homossexual brasileiro... Esta galera foi muito importante, todos os militantes que construíram este momento, onde a nova geração pode usufruir destas conquistas. Agora estamos numa fase de concretizar isso, onde já proclamamos que existimos, nossos modos de vida estão aí, já conseguimos ser representados (com ressalvas) na novela, na publicidade, no Congresso Nacional, (...) já somos vistos como nicho de mercado e agora chegou a fase da segurança jurídica, e esta virá através do casamento igualitário" - em entrevista ao programa Saia Justa (GNT, 03/04/2013).

Entre os símbolos do orgulho gay estão a bandeira arco-íris, a letra grega lambda, uma espécie de V com a ponta para baixo, a cor lavanda (entre o roxo e o lilás), o triângulo rosa e a borboleta, entre tantos outros ícones de resistência e, ou identificação homossexual. O Dia Internacional do Orgulho Gay é celebrado em 28 de junho, em diversos países ao redor do mundo, sendo, no Brasil, o dia 25 de março, considerado o Dia Nacional do Orgulho Gay.


Defensores do casamento gay comemoram em frente à Suprema Corte em Washington (EUA),
após aprovação do casamento de casais do mesmo sexo. (Foto: Jim Bourg/Reuters)
Uma data histórica

Para os gays norte-americanos, o último dia 26 de junho se tornou complementar ao dia 28 de junho, da Rebelião de Stonewall, com a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em todo o país, fazendo do mês de junho ainda mais emblemático ou significativo para o movimento LGBT. Numa decisão histórica, a Suprema Corte dos EUA legalizou o casamento gay de forma nacional, incluindo os 13 estados que ainda proibiam. Estes estados não podem mais barrar os casamentos entre homossexuais, que passam a ser legalizados em todos os 50 estados americanos.

O casamento tem sido uma instituição central na sociedade desde os tempos antigos, afirmou o tribunal, "mas ele não está isolado das evoluções no direito e na sociedade". Ao excluir casais do mesmo sexo do casamento, explicou, nega-se a eles "a constelação de benefícios que os estados relacionaram ao casamento". O tribunal acrescentou: "O casamento encarna um amor que pode perdurar até mesmo após a morte". "Estaria equivocado dizer que estes homens e mulheres desrespeitam a ideia de casamento... Eles pedem direitos iguais aos olhos da lei. A Constituição lhes concede este direito", ressaltou, segundo a agência AFP.

Justin Kattler e Tim Loecker, de Dallas, no Texas, celebram em frente ao bar Stonewall, conhecido pelo público gay e simpatizante, no
bairro de West Village em Nova York, após o anúncio da liberação do casamento gay em todo o país (Foto: Timothy A. Clary/AFP)

Nesta sexta, centenas de pessoas se reuniram nos arredores da Suprema Corte, no centro de Washington, para comemorar a decisão dos juízes. Como informa a agência EFE, o governo do presidente Barack Obama já tinha manifestado abertamente sua postura a favor do casamento homossexual depois que, pela primeira vez, o próprio líder declarou apoio à causa em 2012. Obama disse no Twitter que a aprovação é um grande passo para a igualdade de direitos. "Casais de gays e lésbicas têm agora o direito de se casar, como todas as outras pessoas. #OAmorVence", disse o presidente. Ele fez um pronunciamento e disse que a decisão é uma "vitória para a América".

A pré-candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton, também comemorou a decisão em seu perfil na rede social e, após a legalização nacional do casamento gay, até a fachada da Casa Branca ficou no alegre e colorido tom de arco-íris. Veja o vídeo:

America should be very proud. #LoveWins Fanpage The White House


Enquanto isso, no Brasil...

Aqui no Brasil, o Orgulho Gay tem sofrido sérias e ilegais (inconstitucionais) críticas da chamada bancada fundamentalista ou conservadora do Congresso Nacional, liderada por pastores evangélicos que usam a religião como carta magna ao invés da laica Constituição Federal, no intuito de atrair eleitores também reacionários.

Estes eleitores, simpatizantes do fascismo, vem concentrando seus votos nestas lideranças fundamentalistas, dando a ideia de que estes são mais fortes e organizados, e estão em maior número que os LGBTs. Mas, se somarmos, por exemplo, os votos de Jean Wyllys com os votos de Chico Alencar, Alessandro Molon, Jandira Feghali, Benedita da Silva, entre outros tantos progressistas, que são a favor da extensão da cidadania a todos, veremos que há muito mais gente honesta e inteligente do que estes retrógrados da inquisição medieval.

Assim como no racismo, onde os próprios negros também são doutrinados na cultura racista, ou mulheres machistas, que cresceram num mundo sexista, os homossexuais aprenderam, como todos, que sua condição sexual é vergonhosa, sendo, por sua vez, a primeira meta do movimento LGBT o resgate da autoestima homossexual, através do chamado Orgulho Gay. Com o tempo, o que se espera é que mais representantes, não só na política, mas também na TV, no esporte, ou celebridades e entidades de respeito, sejam solidários ao tema, aumentando ainda mais esta autoestima e a representatividade (voz) da comunidade e público gay.

A grande questão do momento parece ser diferenciar a tal liberdade de expressão com aquilo que seria proibido por lei, como a discriminação, segregação, agressão física ou verbal, além da árdua tarefa em efetivar a laicidade do Estado em terras tão religiosas. Costumo dizer que uma coisa é não gostar de gays (um direito) e outra, bem diferente, é se achar no direito de querer que estes vivam à margem da sociedade, escondendo seus modos e necessidades comuns a todos, semelhante ao que acontecia no apartheid com os negros sul-africanos. Se homossexualidade não é crime no Brasil, ninguém, a princípio, poderia questionar a expressão ou os modos de vida gay, incluindo as demonstrações de afeto em público. E esta parece ser a principal causa gay do momento por aqui, na luta em trazer para todos o real direito de se expressarem, de viverem com os mesmos direitos que todo mundo, independente de raça, cor, credo, classe social, sexualidade ou identidade de gênero.

Assim, o casamento gay é um importante direito para a efetiva emancipação dos direitos igualitários, fortificando, com o tempo, a ideia de que não há nada anormal ou imoral nesta matéria. Torna-se urgente que façamos uma leitura mais ampla do mundo, contemplando também o contraditório ou a pluralidade do ser humano. Contudo, embora tenhamos bons motivos para comemorar, há muito chão pela frente, não só quanto às questões gays mas sobre tudo que envolve os direitos humanos para todos, sem quaisquer distinções.

Playlist:
Gay Pride 2015

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