15 de ago. de 2013

Arte: os deuses de Hector de Gregorio

Fantástico realista

Hector de Gregorio, formado na Royal College of Art de Londres em 2009, vem exibindo sua arte em grandes galerias e mostras em diversos países (incluindo o circuito Londres, Berlim, Milão, Nova York, Miami e Chicago), apresentando trabalhos cada vez mais espetaculares, e se destacando entre os artistas atuais. Em 2012, ele voltou a expor na RCA para celebrar o 175º aniversário da faculdade, uma das principais escolas de arte do mundo e a principal para a arte contemporânea.

São quadros de retratos em simulacros, tanto para a forma (estética) acadêmica (pintura acadêmica), quanto para uma suposta datação através do vestuário e adornos ilustrados. A representação da figura humana simula os retratos pintados a óleo dos nobres da corte européia do século 18, com modelos em poses que vão do tradicional ao totalmente fantasioso.

Ou um Realismo Mágico (ou Fantástico), apresentando situações irreais ou estranhas como algo, mais do que comum, necessário e ofuscante, como se estivéssemos realmente de frente a uma luz superior. É onde nota-se também a utilização da iconografia religiosa, aos moldes dos cânones barrocos e dos santos católicos, quase sempre representando o êxtase ou o total e almejado equilíbrio. Um trabalho que envolve uma boa pesquisa em moda de vestuário (e na confecção de figurino), uma vez que são retratos de pessoas atuais, contemporâneas ao retratista.

Sendo assim, poderia ser uma simples fotografia digital para corresponder a sua época, mas Hector parece preferir retratar seus amigos e clientes criando para eles um lugar especial, talvez de séculos atrás e por isto imortal, blindado... Uma espécie de altar de santo em vitrine, ou sala de estar ou de estúdio, ou ainda de um palco de teatro, lembrando da narrativa mitológica¹ - como se estivesse canonizando cada pessoa retratada através da própria forma de representação de um deus.


¹Mito: uma narrativa simbólica relacionada a uma cultura, que procura explicar, por meio da ação de deuses, semi-deuses e heróis, o que não tem explicação ou não é compreendido, tais como fenômenos naturais, origem do mundo e do homem. ORTIZ-OSÉS, Andrés Cuestiones fronterizas: una filosofía simbólica. Barcelona: Anthropos, 1999.


Depois de fotografar os modelos com roupas e adereços especialmente elaborados, geralmente no estúdio do artista com o fundo neutro, são feitos retoques digitais, com as imagens finais sendo impressas em papel fine art (fotográfico) ou lona, ​​coberto depois com óleos, ceras, folhas de ouro e verniz. Tudo para deixar o quadro final semelhante a dos ídolos e principais referências do artista: a sensualidade do pintor renascentista Lippo Lippi, o realismo de Caravaggio, o macabro de Hieronymus Bosch, ou a metafísica das obras surrealistas de Salvador Dali.

Para o figurino, a influência foi sua própria mãe, que era costureira e o ensinou a desenhar e costurar. Já a 'profanação' e a estética dos mitos religiosos, vem da educação católica, sempre repleta de imagens e narrativas fabulosas. Hector de Gregorio se diz interessado em seduzir o espectador através de suas imagens intrigantes ("sombrias") e fotográficas (reais), ligando a realidade à fantasia. A mensagem é de que "nada é sagrado", com intervenções em símbolos religiosos, ou o contrário, transformando o humano em um deus, além do constante e belo 'maneirismo' erótico e fetichista.

Veja mais imagens da obra de Hector de Gregório:

Bunny of God





Michele / Country Blessing

The Heartbeat

Noon




Othon


Portrait of Lee Adams

The Energy / Love's Armyexclusive

The Equilibrist

The Warm Up / Jasmine Boxer


The Love of Hermes

The Garden Gate

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